Oposições depauperadas

Por

Carlos Sinésio*

Em 15.12.2020

Passadas as eleições municipais, os políticos voltam agora suas atenções para o pleito de 2022, quando serão escolhidos governadores, senadores (uma vaga por estado), deputados federais e estaduais e, claro, o presidente. Será decidido se Bolsonaro será reconduzido ou defenestrado do Palácio do Planalto.

Em Pernambuco, o foco é outro Palácio, o do Campo das Princesas, fincado na Praça da República, no Centro do Recife. Terminando o seu segundo mandato, caberá ao governador Paulo Câmara conduzir sua sucessão. Pelo menos é o que se imagina. E o nome mais forte no momento para concorrer pelo seu partido, o PSB, é o do prefeito do Recife, Geraldo Júlio, que conclui agora seu segundo mandato, tendo conseguido fazer João Campos seu sucessor.

Outros nomes podem surgir no PSB ou nos partidos aliados para concorrer ao Palácio das Princesas. Isso só o tempo dirá quem tem mesmo cacife para desbancar Júlio da preferência da maioria do PSB. Até porque, dentro de qualquer acerto, estará também a vaga a ser aberta para o Senado, uma vez que o senador Fernando Bezerra Coelho estará concluindo seu mandato de oito anos. Com a estrutura política e partidária que o PSB e seus aliados detém, não terão dificuldades para lançar nomes fortes e competitivos.

É exatamente por tudo isso que os grupos oposicionistas terão imensa dificuldade para saírem vitoriosos das urnas. Derrotadas nas eleições do Recife, as oposições de direita e centro direita terão que se desdobrar para se unirem e lançarem nomes realmente competitivos para governador e senador.

Políticos que perderam sucessivas disputas majoritárias, como o ex- senador Armando Monteiro Neto e o ex-governador Mendonça Filho, provavelmente não terão mais cacife eleitoral para disputar em faixa própria, sem um amplo acordo que lhes dê reais chances de vitória.

Concordem ou não seus seguidores e admiradores, são nomes bem desgastados. Caso queiram voltar ao poder, devem trabalhar para ser deputados federais, onde podem ser importantes para trabalhar por Pernambuco. As oposições devem se conscientizar de que, desunidas, não chegam a lugar algum, não conquistam o poder. As eleições do Recife deixaram isso bem claro, com a derrota de Mendonça e da Delegada Patrícia, que não foram, sequer, ao segundo turno.

Diante do quadro adverso, podem surgir nomes relativamente novos como alternativa. Três prefeitos de cidades grandes foram reeleitos com folga em novembro e se cacifaram para disputar o governo de Pernambuco. São eles: Miguel Coelho (MDB), de Petrolina, Anderson Ferreira (PL), de Jaboatão dos Guararapes, e Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru. Para concorrer, podem mudar de partido, dependendo das conveniências.

Os três são jovens, fazem ótimas administrações, pertencem a fortes grupos políticos. Esses predicados dão aos dois prefeitos e à prefeita o direito de, pelo menos, sonhar com o Palácio das Princesas. Mas todos, caso desejem sentar na cadeira de governador, devem marchar unidos e, principalmente, deixar o orgulho e a vaidade de lado e apoiar o nome que for melhor avaliado nas pesquisas e escolhido pelas oposições.

Sem união, os partidos que estão fora do poder a nível estadual continuarão indo ao Palácio das Princesas apenas como convidados do PSB e aliados. Acordem, oposicionistas!

*Carlos Sinésio é jornalista com 35 anos de profissão. Trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em diversas instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe. Escreve às terças-feiras.

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Foto destaque: Palácio de Campo das PrincesasWikipédia