Esquerda ou direita, volver?

Por

Jairo Lima*

Em 15.12.2020

Qual parte do recado do eleitor nas eleições de 15 e 29 de novembro a direita e a esquerda ainda não entenderam?

As últimas eleições municipais reforçaram ainda mais o recado para a esquerda: é preciso se reinventar, se reprogramar para a nova política, mas não como hoje faz a maioria, simplesmente trocando de nome partidário e consequentemente as suas peças de mídia, logotipos, cores, visual….é necessário coragem e humildade para cortar na própria carne, cirurgiando-se dos tumores malignos para refortalecer as suas células vitais, acaso ainda pensem em voltar ao poder.

Por outro lado, a direita, há muito tempo desacostumada com o poder, anda patinando no Planalto Central, governando o país sem atender democraticamente as demandas populares, o presidente, apesar da pesquisa (divulgada ontem) que ainda dá uma margem razoável de aprovação, parece começar a dar sinais de fadiga, dada a tendência de queda, mesmo que lenta e gradualmente.

A ciclicidade natural do poder vem dando sinais de que por enquanto, até agora, rejeita uma alternativa dentro da dicotomia esquerda x direita, apontando claramente querer optar pelo centro. Nas eleições de novembro próximo passado, cinco partidos de centro-direita conquistaram maioria das grandes cidades, e o MDB é o partido com a maioria dos municípios brasileiros conquistados, com 777, seguido do PP com 682, PSD 652 e PSDB com 519.

Resta saber se será o Centrão, (PSC, PP, PROS, MDB, PTB, PR, Solidariedade, Avante, Patriota) ou uma via pelo centro mais à esquerda liderada pelo PDT que irá puxar o cordão da preferência eleitoral. Por um lado, o Centrão tem procurado se deslocar do governo central, muito embora não consiga se deslocar das benesses do poder. Por outro, Ciro vem tentar exercer um protagonismo em torno de si mesmo, buscando atrair os holofotes. Daí talvez não caiba, neste cenário que aos poucos vai se desenhando, um outsider ou qualquer outra aventura no campo do experimento.

*Jairo Lima é pós-graduado em Gestão Pública e membro da Academia Cabense de Letras.

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