A solidariedade que salva vidas
José Ambrósio dos Santos*
Em 21.12.2020
Em um país que é um dos mais desiguais do mundo, a solidariedade da sua gente – principalmente das pessoas mais humildes – faz uma grande diferença. E, em alguns casos, contribui decisivamente para salvar vidas ou assegurar mais conforto na luta contra severas enfermidades.
Na semana passada o grupo Arco-Mix/Arco-Vita fez a entrega simbólica de um cheque de R$ 1.000.000,00 (um milhão) ao Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Um ato carregado de significados, por não se tratar de um gesto de generosidade do grupo empresarial, apenas, mas da solidariedade dos seus clientes.
É que cada centavo da soma de R$ 1.000.000,00 foi doado pelos clientes através da campanha Troco Solidário, ao longo de dois anos. Considerando um troco médio doado no valor de R$ 0,50, é como se dois milhões de pessoas tivessem aprovado a proposta e com ela contribuído. Ou seja, cerca de dois milhões de clientes registraram sua solidariedade ao passarem pelos caixas das 19 lojas espalhadas pelo Recife e Região Metropolitana.
A campanha conta com o envolvimento dos operadores de caixa, que explicam o objetivo da ação. Em média, a campanha arrecada uma doação mensal de R$ 50 mil. Entre outras destinações, o HCP utilizou a soma doada de R$ 1 milhão para complementar a aquisição de uma ambulância; compra de computadores e televisores; estruturação do setor de telemarketing; melhoria na área de quimioterapia; compra de EPIs (especialmente neste período de pandemia) e roupas para uso das equipes, além do atendimento a várias outras necessidades.
Ontem, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o mundo celebraram o Dia Internacional da Solidariedade Humana. Proclamada há 15 anos pela Assembleia Geral da ONU, as comemorações foram marcadas pelo incentivo a ações que visem a redução e a erradicação da pobreza. As Nações Unidas pediram mais esforços dos países após novas projeções de que a pandemia do novo coronavírus pode levar 115 milhões de pessoas à pobreza este ano.
Pesquisa do Datafolha realizada na primeira semana de setembro mostra que 96% dos brasileiros tem o desejo de ser mais solidários. Entretanto, muitos não sabem o melhor caminho para colocar esse sentimento em prática. Apenas 27% efetivamente se envolvem em ações coletivas organizadas. A maioria (68%) age de forma individual e pontualmente por não conhecer outras formas e oportunidades de realizar essas ações.
Aproximadamente sete de cada dez respostas dos brasileiros relacionam ações de solidariedade principalmente com o ato de ajudar quem está precisando, como pessoas em situações mais frágeis e de vulnerabilidade social. Em contrapartida, apenas três em cada dez citações associam ações de solidariedade com atitudes coletivas, como ações para o bem estar comum, ajuda a instituições – como ONGs, orfanatos, hospitais, asilos, e com a prestação de serviços voluntários e comunitários.
A solidariedade dos brasileiros costuma ser muito praticada em situações de calamidade publica, como as provocadas por enchentes, entre outros fatores.
Fundador da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, em 1993, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, dizia que solidariedade não se agradece, se comemora. Comemoremos, pois, todas as iniciativas que estimulam e encorajam os pernambucanos, os brasileiros e o mundo a serem mais solidários. A fome, a dor e a busca pela cura não podem esperar.
*José Ambrósio dos Santos é jornalista e membro da Academia Cabense de Letras.
Foto destaque: udm
Muito bom seu texto Ambrósio !
Sim, a fome não pode esperar! Ações solidárias além da generosidade é um ato de amor. Se preocupar com as necessidades e dores do outro. Parabéns ! Ótimo texto.
Sim, Vera. A solidariedade é sempre um gesto de amor. E isso é muito importante, principalmente em meio a tanta desigualdade. Daí a importância de a reconhecer, enaltecer e dar-lhe visibilidade, contribuindo para que se multiplique.
Parabéns pelo texto Ambrósio que nos trouxe um pensar sobre o ato solidário. Ser solidário é expressar e espalhar o amor. Portanto, no mundo tão desigual, sejamos sempre solidários.
Isso, Edilene. A solidariedade é uma força pulsante no mundo que se contrapõe ao egoísmo e à ganância desmedidas, levando conforto, afeto e esperança a muita gente, em todo o planeta.
Por um mundo mais solidário.