Angelina Jolie fala de racismo: ‘Sistema me protege, mas não minha filha’
Universa/São Paulo
Em 12.06.2020
Angelina Jolie falou de racismo e das manifestações que estão ocorrendo pelos EUA desde a morte do segurança negro George Floyd sob custódia policial. A atriz deu entrevista para a revista “Harper’s Bazaar”, em matéria ilustrada por fotos tiradas pelo filho, Knox Jolie-Pitt.
“Um sistema que me protege, mas não protege a minha filha, ou qualquer homem, mulher e criança, por causa da cor de sua pele, é intolerável”, declarou ela. A atriz é mãe de Zahara Jolie-Pitt, uma garota negra de 15 anos adotada na Etiópia.
“Nós precisamos progredir além da empatia e das boas intenções. Precisamos de leis e políticas que realmente abordem o racismo estrutural e a impunidade. Acabar com abusos no policiamento é só o começo”, disse ainda.
“[O racismo] vai muito além disso, para todos os aspectos da sociedade, do nosso sistema educacional ao nosso sistema político”, continuou. “O meu conselho é ouvir às pessoas que estão sentindo essa opressão na pele, e nunca presumir que você já sabe do que está falando”.
Violência na pandemia
Outro problema para o qual Angelina está atenta durante o período de isolamento ditado pela pandemia do novo coronavírus é o da violência doméstica. Uma série de levantamentos já mostraram que os casos do tipo aumentaram durante a quarentena, inclusive no Brasil.
“Acima de tudo, o que me preocupa são as crianças. O número de crianças que estão sendo abusadas neste momento não me deixa dormir à noite. Há uma crise de saúde pública global que expõe crianças ao abuso, à negligência, e aos efeitos do trauma. E não fazemos o bastante para protegê-las”, comentou.
“Nós ainda fingimos não ver a violência doméstica. Frequentemente, não acreditamos nas sobreviventes, não colocamos os direitos da criança acima de tudo, não levamos o seu trauma a sério. Os nossos serviços sociais não são adequadamente fundados. Os funcionários não têm treinamento, e nem os juízes”, enumerou.
“Eu acredito que não é só quem comete o abuso que deveria ser punido. Quem acoberta ou minimiza o abuso, também. Todo mundo diz que é contra a violência doméstica, mas ninguém muda as coisas específicas que precisam ser mudadas”, criticou ainda.
Celebridades com históricos de boas causas devem fazer assim, como fêz Angelina. Formadores de opiniões têm obrigação de expor suas opiniões e pressionar por mudanças.