Semestre sem festas

Por

Carlos Sinésio*

Em 19.01.2021

Diante do assustador crescimento do número de casos de Covid-19 e das incertezas em relação à vacinação contra a doença, que finalmente foi iniciada, tudo indica que neste primeiro semestre de 2021 ainda não haverá, em Pernambuco, grandes festas tradicionais. Carnaval já se sabe que não haverá, pois nem mais teria tempo para realizá-lo no período previsto. Eventos grandiosos na Semana Santa não serão realizados, e até os festejos juninos estão comprometidos.

Infelizmente, muitas pessoas que vivem dessas e de outras festas terão que aguardar a situação ser controlada para promover os eventos de grande porte. Ao contrário do que muitos imaginavam, o coronavírus não foi embora ainda, se fortaleceu em muitos lugares, continua fazendo milhares e milhares de vítimas e a desejada vacina não chegou sequer para os grupos mais vulneráveis.

Na semana passada, a Assembleia Legislativa de Pernambuco aprovou projetos de decreto legislativo do Governo do Estado e dos municípios prorrogando o estado de calamidade pública por mais 180 dias, exatamente por causa da Covid. Isso é um forte sinal de que as autoridades sanitárias não estão seguras de que a pandemia será controlada até o fim de junho, exatamente quando acontecem as maiores festividades juninas.

Todo esse cenário é muito triste, pois milhares de pessoas têm essas festas de época como uma das principais fontes de renda. Em 2020, apenas o carnaval aconteceu um pouco antes da pandemia começar a fazer milhares de vítimas em Pernambuco e milhões pelo mundo afora.

O cancelamento dos eventos na Semana Santa e no São João foi uma tragédia para quem vive deles. Parte dos trabalhadores conseguiu ajuda do governo, mas insuficiente para suprir suas necessidades. Prejuízo econômico total. Agora, tudo caminha para se repetir, pois o governo federal tem sido lento nas ações para fazer a vacina chegar às pessoas, principalmente em larga escala.

Convenhamos que sem imunização de rebanho, como dizem os profissionais da saúde, torna-se inviável permitir aglomerações que são ambientes propícios para a propagação do novo coronavírus. Governos responsáveis não cometeriam tamanho absurdo de liberar eventos, não é mesmo?

Sem festas e aglomerações é ruim para todos e péssimo para uma parcela considerável da população. Mas com elas pode ser muito pior, pois, como se diz pelo mundo, o maior bem que se tem é a vida. E a Covid quando não mata pode deixar sequelas em dimensões que a própria ciência ainda desconhece.

Paciência, cuidados com a saúde e fé podem ser o melhor caminho para que a sociedade vença essa guerra e possa voltar à normalidade num futuro menos distante.

*Carlos Sinésio é jornalista com 35 anos de profissão. Trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Commercio e Diario de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em diversas instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe. Escreve às terças-feiras.

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