Fafica: baque para a educação
Carlos Sinésio*
Em 09.02.2021
Uma das notícias mais tristes dos últimos dias, em Pernambuco, foi o anúncio do fechamento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (Fafica), ocorrido na semana passada. Ao encerrar as atividades, a instituição, fundada há 60 anos, faz um alerta para o que pode acontecer com outras faculdades do Estado, especialmente com as autarquias de ensino superior instaladas em treze municípios da Zona da Mata, do Agreste e do Sertão.
Como se sabe, essas faculdades, que há décadas prestam relevantes serviços à sociedade, enfrentam enormes dificuldades para se manterem ativas e formando profissionais, sobretudo professores que ajudam a melhorar o nível de educação e da qualidade de mão de obra. Elas precisam continuar funcionando e bem.
Os problemas são gerados, principalmente, por falta de investimentos para continuar evoluindo, atrair alunos e enfrentar a concorrência com faculdades particulares que proliferam com ensino que muitas vezes deixa a desejar. É certo que, em alguns casos, a má gestão ajuda bastante no agravamento dos problemas. Mas essa é uma questão menos complicada de se resolver.
O caso da Fafica obteve grande repercussão na sociedade. Foi motivo de debate por parte dos deputados pernambucanos na reunião plenária da Assembleia Legislativa (Alepe), na última quinta-feira. O deputado caruaruense José Queiroz (PDT) levou o problema ao plenário e logo obteve apoio dos colegas deputados Tony Gel (MDB) e Laura Gomes (PSB), que também têm bases eleitorais na Capital do Agreste e foram alunos da Fafica.
Outros parlamentares se solidarizaram e prometeram ajudar como for possível para que a tradicional faculdade, fundada pela Igreja Católica, reabra as portas e volte a contribuir com a formação dos pernambucanos, sobretudo das pessoas mais humildes que residem no interior.
Sabe-se que a possibilidade de reabertura é pouca neste momento, mas tudo pode ser revisto, caso haja realmente um envolvimento total da sociedade e o compromisso das autoridades em querer ajudar. É, de fato, lamentável e inaceitável ver uma instituição como a Fafica, com toda a sua estrutura, fechar, enquanto tantos jovens buscam uma oportunidade de formação profissional para encarar o competitivo e exigente mercado de trabalho.
Mas tão importante quanto a reabertura da faculdade é lutar para que as autarquias municipais não encerrem as atividades por falta de investimentos e de alunos. As autoridades e os especialistas em educação e gestão pública precisam se unir e encontrar novos caminhos para essas instituições. Elas são muito importantes para Pernambuco, mas precisam melhorar o seu nível de ensino. Essas instituições, geralmente vinculadas a prefeituras, não podem fechar as portas para o futuro de tantos jovens que querem estudar, se qualificar para tocar a vida e contribuir com o desenvolvimento do Leão do Norte.
*Carlos Sinésio é jornalista com 35 anos de profissão. Trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Commercio e Diario de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em diversas instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe. Escreve às terças-feiras.
Foto destaque: cbnrecife.com