“Eliminar racismo é um desafio e uma luta para todos”, afirma secretário-geral da ONU
ONU News
Em 19.02.2021
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse esta quinta-feira que “o racismo assola o mundo” e deve ser condenado “sem reservas, sem hesitação, sem qualificações”.
O chefe da ONU afirmou, no entanto, que o mundo tem “um longo caminho a percorrer” e que esse “é um desafio e uma luta para todos.”
Evento
António Guterres foi um dos participantes de uma reunião com o tema “Reimaginando a Igualdade: Eliminando o racismo, a xenofobia e a discriminação para todos na Década de Ação dos ODS”.
Além de Guterres e do presidente do Ecosoc, participaram o Chefe de Estado da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o vice-presidente da Costa Rica, Epsy Campbell Barr, e a comissária europeia para a Igualdade, Helena Dalli.
Consequências
Segundo António Guterres, “o racismo e a desigualdade racial ainda permeiam instituições, estruturas sociais e a vida cotidiana.”
Ele diz que isso acontece porque muito do racismo está profundamente enraizado em séculos de colonialismo e escravidão. Além disso, a injustiça racial, especialmente contra os afrodescendentes, causou traumas profundos e sofrimento intergeracional.
Para o chefe da ONU, o mundo deve “fazer mais do que apenas condenar expressões e atos de racismo.”
Guterres explica que “enfrentar o racismo não é um exercício único”, porque este é “um fenômeno cultural complexo e combatê-lo exige ação todos os dias, em todos os níveis.”
O secretário-geral lembrou a opinião de vários observadores de que o mundo está entrando em uma era pós-iluminismo.
Para Guterres, “o racismo é o coração desta irracionalidade.”
Discriminação
O secretário-geral também destacou dimensões racistas ou discriminatórias no crescente antissemitismo, ódio anti-muçulmano, maus-tratos a cristãos minoritários e outras formas de intolerância e xenofobia em todo o mundo.
Segundo ele, há uma forte dimensão social e econômica neste problema. Isso pode ser visto em oportunidades limitadas de educação e emprego, acesso à saúde e justiça.
A pandemia de Covid-19 expôs essas desigualdades. O chefe da ONU realçou que em alguns casos, as taxas de mortalidade são até três vezes mais altas para os grupos marginalizados.
O impacto da pandemia também é agravado pela intersecção de formas de discriminação, como gênero, idade, classe, casta, religião, deficiência, orientação sexual, bem como status minoritário, econômico e legal.
Para o secretário-geral, “os que já estavam para trás estão ficando ainda mais para trás.” Durante a recuperação, António Guterres diz que é necessário um novo contrato social baseado na inclusão e na sustentabilidade.
Nações Unidas
Dentro da Organização das Nações Unidas, o secretário-geral também pediu que fossem tomadas medidas para detectar, prevenir e combater casos de racismo e discriminação racial
No ano passado, Guterres lançou uma campanha de diálogo e ação contra o racismo e para promover a dignidade de todos. Essas atividades são supervisionadas por uma equipe especial para a erradicação do racismo e a promoção da dignidade das pessoas.
Nesse momento, o grupo está preparando um plano de ação estratégico de longo prazo, que deve ser apresentado em setembro.
Foto destaque: Unsplash/Arthur Edelmans –