Centenário de Potiguar Matos

Por
Carlos Sinésio*
Em 11.04.2021
Neste domingo de outono, faz 100 anos do nascimento do jornalista, historiador, professor, escritor e acadêmico pesqueirense Potiguar de Figueirêdo Matos, de quem tenho orgulho de ser conterrâneo. Não estivéssemos vivendo uma época de tão grave pandemia do novo Coronavírus, certamente algumas instituições estariam celebrando o centenário do pernambucano que dedicou mais de 50 anos da sua vida à área da educação.
Era bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e em História. Escreveu e publicou diversos livros de poesia, ensaios e discursos. Membro da Academia Pernambucana de Letras (APL), Potiguar nasceu em 11 de abril de 1921 e faleceu no Recife, no dia 19 de fevereiro de 1996. Iniciou no jornalismo na sua terra natal ainda adolescente, no extinto jornal A Voz de Pesqueira, nas décadas de 1930 e 1940. Entre os anos de 1976 e 1996 foi editorialista do Diário de Pernambuco.
Professor em vários colégios e faculdades recifenses, como o Nóbrega, o Salesiano, a Escola Técnica Federal de Pernambuco, as Universidades Católica (Unicap), Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Faculdade de Filosofia do Recife (FAFIRE) e Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata. Um dos seus alunos foi o ex-governador Roberto Magalhães.
Como se não bastasse, foi presidente da Casa do Estudante de Pernambuco e o primeiro e único reitor leigo da Unicap até hoje, cargo que lhe deu bastante notoriedade. Entre 1972/1975, ocupou a presidência do Serviço Social Agamenon Magalhães. Ele também foi chefe do Departamento de História da UFPE (1976/1980) e diretor do Arquivo Público de Pernambuco (1991/1996).
Fundador do Centro de Estudos de História Municipal (CEHM) da antiga FIAM e hoje ligado à Agência Condepe/Fidem, fez parte dos Institutos Arqueológicos, Históricos e Geográficos do Brasil e de Pernambuco. Entre 1994/1996, foi também presidente do Conselho Municipal de Cultura, no Recife.
O também pesquisador José Florêncio Neto, ex-aluno e amigo pessoal de Potiguar, planeja promover um seminário para debater a obra e fazer uma homenagem justa ao conterrâneo. Mas isso somente deverá ocorrer quando a pandemia permitir a realização de eventos presenciais com mais segurança.
Espera-se que algumas instituições por onde o historiador passou também sigam esse caminho, como forma de reconhecer e valorizar os serviços prestados a Pernambuco pelo jornalista. A Prefeitura de Pesqueira não deve deixar de fazer alguma homenagem ao filho ilustre da cidade que tanto amava.
Por tudo que Potiguar Matos fez pela cultura e pela educação de várias gerações, merece ser lembrado e homenageado, não apenas pelos conterrâneos pesqueirenses, mas pelos pernambucanos que valorizam as pessoas que, de alguma forma, deram grande contribuição para o desenvolvimento do Estado nas mais diversas áreas.

Bibliografia: “A Face na Chuva” (artigos e crônicas); “Da História Americana – Possíveis Sugestões em Torno de uma Interpretação Pragmática”; “História – O Problema da Natureza”; “Considerações à Margem de um Humanismo”; “Em Torno de uma Teoria do Simbolismo”; “Gilberto Freyre, Historiador”; “Exercícios de História – Alguns Temas Sugestivos”; “Cultura Luso-Brasileira e Ecumenismo”; “Atualidade dos Estudos Históricos”; “Clube Internacional do Recife – Um Século de História”; “A Face e o Tempo” (Prêmio de Poesia Othon Bezerra de Mello, da Academia Pernambucana de Letras, 1982); “Gente Pernambucana”; “Gilberto Freyre – Presença Definitiva”; “Canto do Efêmero” e “Os Ventos de Agosto”.

*Carlos Sinésio é jornalista pesqueirense, 35 anos de profissão, poeta, escritor. Trabalhou no Globo, Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe.

Fontes de Pesquisa: site PE-AZ, livros de Potiguar Matos, informações orais de José Florêncio Neto.