Dia das mães na pandemia
Valéria Saraiva*
Em 09.05.2021
Esse vai ser o primeiro Dia das Mães sem minha Mãezinha. Ela gostava de ter a família reunida nesse dia. Eu sempre fazia um almoço especial; um cozido, ou um munguzá salgado, e uma sobremesa (pavê ou delícia de abacaxi). Ela adorava essas datas. Quando eu era pequena via minha mãe ir para a casa da minha avó com uma radiola portátil e acordar minha vozinha com as músicas do Dia das Mães. Minha avó, Lourdes, ficava muito feliz.
Lembro-me de pedir a benção a minha avó e a meu avô. A benção dela era especial, longa. Sinto falta dos meus avós também.
Minha mãe sabia fazer bolos deliciosos, com glacê de cobertura. Aprendeu no curso que fez de confeitaria. Ela sempre fazia os bolos das festas lá em casa. Agora eu que faço bolo lá em casa. Mas não sei confeitar. Faltou você me ensinar, Mãezinha.
Sei que não é só minha essa dor. Já morreram mais de 421 mil pessoas nessa pandemia. São pais, mães, filhos, irmãos, avós. São pessoas que, independentemente de nome, fazem falta às suas famílias.
Quando olho meu story do facebook o que mais vejo é luto. Essa pandemia está destruindo muitas famílias. Mesmo quem já tomou a vacina ainda está com medo, pois a vacina não protege cem por cento. O vírus continua circulando por aí e matando. Tive que fazer o teste recentemente porque minha irmã contraiu Covid-19. Eu tive contato com ela e apresentei sintomas de gripe. Todos da família tiveram que fazer o exame. Graças a Deus, meu resultado deu negativo. Mas o que a gente vê por aí são famílias inteiras sendo destruídas por causa do vírus.
Para esse domingo Dia das Mães, pedi ao padre que colocasse o nome da minha mãe em intenção, na missa. Lembro-me que ela tinha essa preocupação. Ela não queria ser esquecida. Não esqueci da senhora, Mãezinha. Todos os dias oro para que estejas em um bom lugar, perto de Jesus e Nossa Senhora. Sinto tanta saudade. Só as lembranças para me confortar. E a certeza que vamos nos encontrar um dia.
*Valéria Saraiva é enfermeira, poetisa, cronista, autora do livro “Lírios, Tulipas e escorpiões” e membro da Academia Cabense de Letras.
Foto destaque: Arquivo pessoal
Linda é verdadeira crônica Valéria. O Amor é mais forte que a morte!