Quem era o Moura do Alto?

Por

Jénerson Alves*

Em 30.07.2021

Viver em Caruaru nos traz uma sensação de familiaridade com praticamente todos os aspectos do lugar. Por vezes, não conhecemos as ruas pela forma que estão denominadas ‘no papel da Prefeitura’, mas por meios intuitivos. Não raramente, passei por situações de me perguntar onde situa-se um logradouro A ou B, até me dar conta de que se trata, por exemplo, da rua onde mora um amigo, um parente ou uma (ex-)namorada.

Pois bem. De certa forma, esse sentimento se espraia por outras realidades. Nem sempre me lembro da etimologia de Caruaru – até porque as teorias são vastas. Não tenho informações sobre a origem do bairro onde moro – ora, para mim, este era o mundo inteiro, durante muito tempo.

Diante deste contexto, algumas perguntas soam um tanto estranhas, em um primeiro momento. Foi assim quando um amigo indagou-me:

– Falando em Alto do Moura, quem foi esse cidadão?

Congelei com uma certa vergonha. Disse que pesquisaria e respondê-lo-ia.

Revirei os livros, revistas e recortes de jornais que possuo sobre Caruaru. Nada encontrei. Então, decidi procurar alguém que é mais sábio do que os livros. Falei com o historiador Walmiré Dimeron, que me explicou:

– Existe uma única versão, segundo a tradição oral. As terras do lugar teriam pertencido a uma família com o sobrenome Moura, instalados na parte alta. Quando as pessoas se referiam àquela propriedade, diziam: “Lá, no alto dos Mouras”. E, com o tempo, simplificando para o Alto do Moura.

Historiador Walmiré Dimeron – Foto: redeglobo.globo.com

Com o esclarecimento do historiador, apenas exclamei um “aahhh”… talvez parecendo um garoto quando descobre uma coisa nova.

Em seguida, Walmiré ressaltou:

– Ao escrever ou falar, eu sempre me refiro a esse dado como uma hipótese, sem comprovação documental.

O que parece é que, neste caso do Alto do Moura, a expressão popular adquiriu ares de formalidade. E, apesar de eu não conhecer a história dos Moura do Alto, é maravilhoso conhecer o Alto do Moura. É um lugar feito de arte, que dista apenas sete quilômetros do centro de Caruaru – onde todo mundo se sente um Vitalino e, a partir da beleza que vê ao seu redor, recria o mundo interior.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Foto destaque: Wikipedia/Divulgação