A estranha visita

Por

Jénerson Alves*

Em 22.10.2021

Mais cedo ou mais tarde, todos haveremos de receber uma estranha visita nos umbrais.

É a mesma visita que o eu-lírico de ‘O Corvo’ recebeu naquela fatídica meia-noite agreste. E repetia incessantemente o som ‘Nunca mais’…

A mesma senhora “tan blanca” da cantiga medieval “El enamorado y la muerte”. E, perante o rosto pálido da amada, ouve o som de quem está a buscá-lo…

Sim, aquela representada com capuz e foice. Sempre misteriosa.

Ela chama, e todos haveremos de atendê-la.

A diferença é como atendê-la-emos.

Uns recebem-na como Ivan Ilitch, desconfiados que não viveram a vida que deveria ser vivida.

Eu gostaria de recebê-la sorrindo, ciente de que, ao fechar os olhos nesta terra, abri-los-ei diante do Eterno.

Para tanto, ouço como em um sussurro as palavras de S. Tomás de Kempis: “Melhor fora evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã?”

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Foto destaque: Free PhotoPixabay