Help me, o grito de GAIA
Enildo Luiz Gouveia*
Em 16.07.2020
No livro Biogeografia – uma abordagem ecológica e evolucionária (2009), Cox & Moore assinalam que, do ponto de vista biológico, a evolução da espécie humana foi uma catástrofe visto que praticamente todas as demais formas de vida não conseguem escapar aos efeitos da atividade humana.
A Biogeografia é definida como o estudo da vida na sua relação com o tempo e o espaço, e neste sentido, todos os aspectos responsáveis pelo aparecimento, desenvolvimento e extinção das espécies são levados em consideração. A despeito da história geológica da Terra assinalar algumas extinções em massa por razões naturais como: queda de meteoros, tectônica de placas, oscilações climáticas etc, é no atual período, designado por alguns cientistas como Antropoceno (a idade dos humanos) que se verifica uma aceleração de mudanças na Terra.
Para alguns, o Antropoceno iniciou-se com a Revolução Industrial no século XVIII e acelerou-se a partir do final da segunda Guerra Mundial (1945). Tal aceleração deve-se, sobretudo ao intenso uso de energia (mineral, nuclear, térmica) para ampliar a capacidade de produção e acúmulo de riquezas. Dessa forma, nunca antes na história do planeta se produziu tantos resíduos como atualmente. A aceleração também se deu na multiplicação da espécie humana, chegando atualmente aos oito bilhões de habitantes.
O grande número de pessoas associado a condições de vida nem sempre satisfatórias tem favorecido o contágio por doenças muitas vezes fatais. Por outro lado, a chamada Pegada Ecológica (medida que avalia a pressão dos humanos no consumo de recursos naturais) não é uniforme, dadas as diferenças econômicas existentes. Assim, os impactos ambientais são também impactos socioambientais e expressam, na atualidade, mais um traço das desigualdades sociais existentes entre os humanos.
Gaia (deusa da Mãe-Terra na mitologia grega) não assistirá passivamente sua própria destruição. Se por um lado, temos a capacidade de criar coisas e facilitar as nossas vidas, por outro lado, temos a incrível capacidade de agredir Gaia. Não obstante, ao impactar a vida na Terra, nós humanos impactamos a nós mesmos. Em outras palavras, como se diz no ditado popular: Aqui se faz aqui se paga!
*Enildo Luiz Gouveia é professor de Geografia do IFPE/Campus Recife e membro da Academia Cabense de Letras.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do blog Falou e Disse.
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