ONU adverte que o mundo precisa avançar em igualdade de gênero
Redação
Em 01.10.2020
Muito ainda precisa ser feito para se alcançar a igualdade de gênero no mundo. A constatação foi expressada ontem em Nova Iorque pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e outros participantes de um encontro virtual para marcar o 25º aniversário da 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher em Pequim, realizada na China, em 1995, quando foi adotada a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim. O documento é considerado o mais abrangente sobre os direitos das mulheres.
Discutindo o tema “Acelerando a realização da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas” com chefes de Governo e de Estado, Guterres disse que o mundo obteve progressos como a redução em quase 40% da mortalidade materna e a matrícula escolar de mais meninas do que em qualquer outro momento da história. Entretanto, o objetivo da Declaração de Pequim não foi alcançado.
Os dados da desigualdade e da violência contra a mulher são gritantes. Uma mulher em cada três ainda sofre alguma forma de violência. Todos os anos 12 milhões de meninas menores de 18 anos se casam.
Além disso, em algumas partes do mundo, os níveis de feminicídio podem ser comparados a uma zona de guerra. Em 2017, uma média diária de 137 mulheres foram assassinadas por um membro da própria família. As mulheres ainda são frequentemente excluídas de negociações de paz e outros tipos de decisão.
Em 1945, quando a ONU foi fundada, não havia mulheres chefes de Estado ou de Governo. Em 1995, em Pequim, havia 12 mulheres. Hoje, existem 22 mulheres chefes de Estado ou Governo entre os países-membros da ONU.
Em sua intervenção, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka disse ser “hora de ações para mudar o curso da história de mulheres e meninas, especialmente mulheres entre 25 e 34 anos, que têm cada vez mais probabilidade de viver na pobreza extrema do que seus colegas homens.”
Ela ressaltou ainda ter chegado o momento de “acabar com as leis, normas e homofobia discriminatórias, para acabar com a violência dos homens contra mulheres e meninas e fazer um esforço conjunto para colocar as mulheres no centro da justiça climática.”
Diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a População (Unfpa), Natalia Kanem lembrou que apenas 55% das mulheres em todo o mundo tomam suas próprias decisões sobre relações sexuais e anticoncepcionais. Além disso, em 2019, 280 mil adolescentes e jovens foram infectadas pelo HIV. Mais de 800 mulheres ainda morrem todos os dias de complicações evitáveis na gravidez e no parto.
Kanem pediu aos membros da ONU que “apoiem com palavras, ações e financiamento para programas e serviços que transformam a vida das mulheres.”
Segundo ela, “investir em mulheres e meninas não é apenas uma questão de direitos, também é uma escolha econômica inteligente, com benefícios para a sociedade muitas vezes superiores aos custos.”
Para o secretário-geral, igualdade “é fundamentalmente uma questão de poder.” Enfermeiras e cuidadoras estão na linha de frente da resposta à pandemia, mas os homens ocupam 70% dos papéis de liderança na área da saúde, por exemplo.
Por isso, ele diz que a mudança “começa com a representação igual das mulheres em cargos de liderança, nos governos, salas de reuniões, negociações climáticas e na mesa de paz, em todos os lugares que são tomadas decisões que afetam a vida das pessoas.”
Para alcançar isso, Guterresl pediu medidas direcionadas, incluindo ações afirmativas e cotas.
As Nações Unidas alcançaram a paridade de gênero em sua liderança no início de 2020, com 90 mulheres e 90 homens como líderes seniores em tempo integral. Agora, a organização está trabalhando pela paridade em todos os níveis. Com informações da ONU News.