América Central: número de pessoas com fome é quatro vezes maior que em 2018

Por

ONU News

Em 24.02.2021

Dados do Programa Mundial de Alimentos alertam para El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua; região precisa de mais de US$ 47 milhões para socorrer 2,6 milhões de pessoas nos próximos seis meses.

As taxas de insegurança alimentar subiram 400% em El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua desde 2018.

Em pouco mais de dois anos, o total de afetados disparou de 2,2 milhões para os atuais 8 milhões, segundo o Programa Mundial de Alimentos, PMA. Nesta terça-feira, a agência informou que as quatro nações centro-americanas vivem crises econômicas provocadas pela Covid-19 e eventos climáticos extremos.

Emergência

Cerca de 1,7 milhão de pessoas estão na categoria de “emergência” de insegurança alimentar que requer assistência urgente.

A agência da ONU pede maior apoio internacional para a situação causada por anos de seca e clima irregular que afetaram a produção de alimentos. Os doadores precisam destinar mais de US$ 47 milhões para ajudar 2,6 milhões de pessoas nos quatro países durante os próximos seis meses.

Foto: FAO – Desastres naturais destruíram mais de 200 mil hectares de safras essenciais nos quatro países

Uma das causas do agravamento da crise foi a temporada recorde de furacões no Atlântico, no ano passado. Em novembro, o Eta e o Iota, afetaram cerca de 6,8 milhões de pessoas que, na maioria, perderam suas casas e meios de subsistência.

Esses desastres ocorreram num momento em que os efeitos da pandemia já eram arrasadores. Muitos afetados são ex-trabalhadores do turismo e de outros serviços.

Fazendas

Os desastres naturais destruíram mais de 200 mil hectares de safras essenciais nos quatro países. Outros 10 mil hectares de fazendas de café foram arrasados em Honduras e na Nicarágua.

O chefe do PMA para a América Latina e Caribe, Miguel Barreto, disse que a recuperação deve ser “longa e lenta”

Pouco antes dos furacões, a região era marcada por perdas de postos de trabalho causadas pela Covid-19 afetando famílias em Honduras, na Guatemala e em El Salvador.

NASA – Imagem do Iota se aproximando da América Central

Pesquisas do PMA revelam um aumento de quase o dobro no número de famílias na Guatemala que não têm o suficiente para comer, em comparação aos níveis anteriores à pandemia.

Alimentos

Barreto realçou que as comunidades urbanas e rurais da América Central “chegaram ao fundo do poço”. Para ele, a crise econômica causada pela pandemia deixou os alimentos muito caros e fora de acesso dos mais fragilizados pelos furacões Eta e Iota.

No cenário atual, muitos “não têm onde morar e estão em abrigos temporários, sobrevivendo com quase nada.” Casas e fazendas destruídas, estoques de alimentos se esgotando e há poucas oportunidades de trabalho.

A situação foi mencionada por quase 15% dos entrevistados pelo PMA em pesquisa realizada em janeiro. Estas pessoas dizem estar pensando deixar seus países de origem.

Agora, a migração é mencionada por quase o dobro do total do que responderam a mesma questão em avaliação do PMA realizada após a seca ocorrida em 2018. Nessa altura, somente 8% das pessoas consideravam essa decisão.

PMA – Com ventos de até 225 km/h quando atingiu a Nicarágua, no início do mês, o Eta arrasou os serviços de saúde de Honduras levando estragos a Belize e Guatemala.

Foto destaque: PMA/Rocío Franco – PMA revela que situação também é causada por anos de seca e clima irregular